O meu marido sempre foi um bom trabalhador. Já estava naquela empresa há 10 anos e continuava sem ser aumentado. Todos os colegas que entraram na sua época já eram de responsáveis de secção ou chefes de turno, ou mesmo directores de departamento. O meu Antunes, nada.
Com dois filhos a estudar, mais a renda e o automóvel, estava difícil. Então disse-lhe:
— Porque não falas com um dos teus antigos colegas que está mais acima e lhe perguntas o porquê de nunca teres tido um aumento, um incentivo?
Assim foi. O Antunes perguntou e a resposta veio de pronto. Não tinha factor C.
Primeiro veio o choque, depois a indignação, e por fim o conformismo, como sempre acontecia. E a história acaba aqui. Ou melhor, acabaria.
Uns dias depois, na cama, quando ainda digeríamos o absurdo da situação, o Antunes comenta que constava na empresa de que o patrão, com um casamento estável de mais de 30 anos, tinha arranjado recentemente uma companhia especial. Lembrei-me de imediato que isso podia jogar a nosso favor.
Na noite do sábado seguinte, seguimos os passos do Sr. Gomes. Perto da hora de jantar o discreto empresário sai de casa e, alguns quilómetros depois, para nosso espanto, entra num restaurante e senta-se a uma mesa já ocupada por uma senhora, digamos, uns 20 anos mais nova. Era tudo o que poderíamos desejar. Entrámos no restaurante e escolhemos a mesa ao lado da deles.
Atrapalhação do Sr. Gomes foi hilariante. Quis logo abandonar o restaurante.
Mas eu, chamando-o de parte, assegurei-lhe que a partir daquele dia a sua situação seria um segredo só nosso.
Uma semana depois o Antunes era chefe de turno. Dois meses depois de secção, e hoje é responsável de departamento.
Tudo isto porque agora tem um factor S. Segredo!
Shiu….